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Análise de eficácia da dissecção endoscópica da submucosa para o câncer gástrico precoce e lesões pré-cancerosas

RESUMO

Contexto:

O tratamento endoscópico das lesões pré-cancerosas e do câncer gástrico precoce tem sido amplamente aceito nos últimos anos. A dissecção endoscópica da submucosa (submucosectomia), obedecendo a critérios estabelecidos de indicação, pode levar a cura da doença em mais de 90% dos casos.

Objetivo:

Este estudo teve como objetivo analisar o uso da dissecção submucosa endoscópica em pacientes com câncer gástrico precoce e lesões pré-cancerosas, bem como os resultados do procedimento, suas complicações e eficácia no controle da doença.

Métodos:

Foram analisados 41 pacientes, com idade variando de 53 a 87 anos (média de 65 anos), sendo 58,53% do sexo masculino, no período de 2008 a 2019, sendo este estudo do tipo coorte retrospectivo. As variáveis coletadas dos prontuários foram: comorbidades, classificação da lesão quanto aos critérios de ressecção, tipo de ressecção, histologia, grau de invasão, margem de resseção, complicações, recidiva de doença. A análise estatística foi feita com o uso do teste de Kruskal-Wallis, teste de McNemar e teste de Mann-Whitney, com significância estatística de 5% (P<0,05).

Resultados:

O local mais frequente da lesão foi o antro gástrico e a apresentação predominante pela classificação japonesa ou de Paris foram os com componentes deprimidos em 56,09%. O adenocarcinoma ocorreu em 75,6% das biópsias e o restante foram adenomas sem neoplasia. A ressecção em bloco ocorreu em 97,57% dos casos, e o comprometimento da margem de segurança ocorreu em um paciente. A principal comorbidade pré-existente foi a cirrose hepática em 29,26% dos casos. Houve um aumento significativo de adenocarcinoma após dissecção endoscópica da submucosa em comparação ao diagnóstico pré ressecção. O tempo médio de seguimento foi de 38,4 meses, sendo registrado uma recidiva (2,43%) e duas lesões metacrônicas (4,87%). As complicações durante e após o procedimento ocorreram em 3 (7,31%) pacientes, sendo por sangramento (dois casos) e perfuração (um caso). Houve um óbito por evento cardiológico, não relacionado diretamente com o procedimento.

Conclusão:

A ressecção endoscópica da submucosa mostrou ser procedimento seguro, com baixa taxa de complicação e de recidiva. A sua indicação deve ser dentro dos critérios estabelecidos, entretanto, pode ser indicada em pacientes fora de critérios, se há alto risco para o tratamento cirúrgico.

Palavras-chave:
Endoscopia; neoplasias gástricas; ressecção endoscópica da submucosa

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