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Constipação oculta e semi-oculta em crianças com enurese monossintomática ou não monossintomática

RESUMO

Contexto:

Constipação funcional e enurese frequentemente coexistem. Tratamento da constipação geralmente resulta em cura ou melhora da enurese. Entretanto, além da apresentação clássica, pode ocorrer constipação oculta (CO), diagnosticada por exame subsidiário; ademais, ao aplicar questionário detalhado, pode-se detectar constipação semioculta (CSO).

Objetivo:

Obter as frequências de CO e CSO em crianças com enurese mono- ou não monossintomática (EMN ou ENMN).

Métodos:

Crianças/adolescentes saudáveis, exceto por enurese refratária à terapia comportamental, e que negavam constipação após perguntas simples, respondiam a questionário estruturado sobre hábito intestinal, e realizavam radiografia simples de abdômen. A constipação foi classificada considerando os critérios diagnósticos de Boston (que permitem diagnóstico em fases iniciais) e retenção fecal na radiografia quantificada ≥10 pelo escore de Barr. As crianças com constipação receberam tratamento padronizado (exceto 26 crianças “piloto”).

Resultados:

Das 81 crianças, 80 com idade 9,34±2,07 anos, 52,5% masculinas, foram diagnosticadas com constipação: 30 CO, 50 CSO; 63.75% tinham EMN, 36.25% ENMN (6 ENMN sem terapia comportamental). Os dados demográficos e o escore de Barr foram semelhantes para CO e CSO, mas as crianças com CSO apresentaram significativamente mais complicações de constipação (incontinência fecal retentiva e/ou dor abdominal recorrente). A não apresentação da Escala Fecal de Bristol (EFB) para 24 crianças “piloto”, ou ausência de sintomas de constipação acompanhando EFB predominantemente do tipo 3, em 13 crianças, não teve impacto significativo na detecção de constipação pelo escore de Barr. Crianças que identificaram EFB 3 ou ≤2 tiveram resultados semelhantes. Vinte e oito crianças, com acompanhamento adequado após o tratamento, melhoraram ou se recuperaram da constipação em 44 de seus 52 retornos.

Conclusão:

Em pacientes com EMN ou ENMN refratária à terapia comportamental, e que inicialmente negavam constipação após perguntas simples, questionário baseado nos critérios diagnósticos de Boston detectou CSO em 61.7%, e o escore radiológico de Barr revelou retenção fecal (CO) em 37% deles.

Palavras-chave:
Crianças; adolescentes; constipação; constipação oculta; Escore de Barr; enurese

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