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ABREVIAR JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO E INTRODUZIR ALIMENTAÇÃO PRECOCE AUXILIAM NA RECUPERAÇÃO APÓS BYPASS GASTROJEJUNAL?

RESUMO

Racional:

A resposta metabólica ao trauma cirúrgico é potencializada pelo jejum pré-operatório prolongado que contribui para o aumento da resistência à insulina. Esta manifestação é mais intensa no 1º e 2º dias de pós-operatório e é diretamente proporcional ao porte da operação.

Objetivo:

Comparar se a abreviação do jejum pré-operatório e a realimentação precoce no pós-operatório associado à restrição hídrica no trans e pós-operatório interferem na evolução dos pacientes submetidos ao bypass gastrojejunal.

Métodos:

Foram recrutados 80 pacientes indicados ao bypass gastrojejunal em Y-de-Roux. Eles foram distribuídos randomicamente em dois grupos: ringer lactato (RL) que fizeram jejum de 6 h para sólidos, administrando 50 g de maltodextrina em 100 ml de água mineral 2 h antes do início da anestesia e de soro fisiológico (SF) que fizeram jejum de 12 h para sólidos e líquidos. A anestesia foi padronizada para os dois grupos. Durante o procedimento operatório no RL foi administrado 1500 ml solução de ringer lactato e no SF 2500 ml de soro fisiológico (0,9% de cloreto de sódio). Em ambos os grupos foram analisados durante a intubação a ocorrência ou não de bronco-aspiração e mensurado o volume gástrico residual após abertura da cavidade abdominal. No pós-operatório do Grupo RL, os pacientes iniciaram dieta liquida após 24 h do término do procedimento operatório; no Grupo SF foi mantido jejum nas primeiras 24 h, prescrição de 2000 ml de soro fisiológico e início da dieta líquida restrita com 36 h. Cada paciente realizou no pós-operatório imediato, ainda na sala de cirurgia, a dosagem de CPK, insulina, sódio, potássio, ureia, creatinina, PaCO2, pH e bicarbonato e em 48 h repetiu-se a coleta destes exames.

Resultados:

Não houve episódios de broncoaspiração e fístulas gastrojejunais em ambos os grupos. Na análise do volume residual gástrico dos grupos SF e RL, as médias de volume foram respectivamente 16,5 e 8,8 apresentando significância estatística entre os grupos. Nos exames laboratoriais não houve diferença entre os grupos no sódio; nível sérico de potássio no SF foi maior (p=0,029); ureia e creatinina maiores no RL; CPK não apresentou diferenças; insulina no grupo SF foram maiores; pH foi maior no SF; bicarbonato de sódio evidenciou diferença significativa em todos o momentos; PaCO2 no RL foi maior. Na análise de incidência de náusea e flatos não foram observados significância estatística entre os grupos.

Conclusões:

A abreviação do jejum pré-operatório e a realimentação precoce no pós-operatório de bypass gastrojejunal em Y-de-Roux com a aplicação de programas como ERAS ou Projeto Acerto aceleram a recuperação do paciente, diminuindo o volume gástrico residual e o nível de insulina, e não predispõem complicações.

DESCRITORES:
Jejum; Evolução clínica; Derivação gástrica; Complicação

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