Hildegard de Bingen, religiosa beneditina que viveu no século XII, alegava ter escrito sua primeira obra, o Scivias, obedecendo a um "comando divino" que ela teria recebido em uma de suas visões espirituais. Segundo Hildegard, essas visões a acompanhavam desde sua infância, e nelas ela recebia mensagens "divinas". O Scivias, escrito entre 1141 e 1151, consistia, de acordo com Hildegard, na transcrição dessas mensagens e era uma obra com ensinamentos em ortodoxia doutrinária. A obra, contendo as visões de Hildegard, é dividida em três partes de tamanho desigual que tratam respectivamente da criação e queda (primeira parte), da redenção e da salvação. Este artigo visa a analisar a quarta visão da primeira parte do Scivias em que Hildegard narra a peregrinação de uma alma pecadora. A caminhada dessa alma é interessante à medida que sintetiza, em sua jornada, as etapas doutrinárias cristãs trabalhadas em todo o Scivias, a saber, criação, queda, redenção e salvação.
Hildegard of Bingen, religious Benedictine woman who lived in the twelfth century, claimed to have written her first work, the Scivias, under a "prophetic call", that she would have received in one of her spiritual visions. According to Hildegard, her visions had been with her since childhood and in them she received "divine" messages. The Scivias, written between 1141 and 1151, consisted of, as Hildegard claimed, the transcription of these messages and it was a work with teachings in doctrinal orthodoxy. The book, with Hildegard's visions, is divided in three parts of unequal size which deal respectively with creation and fall (first part), redemption and salvation. This article aims to analyse the fourth vision of the first part of the Scivias in which Hildegard relates a pilgrimage of a sinner soul. The journey of this soul is interesting as it synthetizes the doctrinal phases worked in all Scivias, meaning creation, fall, redemption and salvation.