Resumo: O tema da divinização heroica, tanto de Hércules quanto de Enéias e Rômulo, ganhou amplo espaço na literatura augustana, em parte, graças à memória da consecratio de César, associado a um corpo celestial e cultuado, depois da morte, como diuus em um templo no Fórum Romano. Não apenas o tema da apoteose heroica, mas também o tópico da transmutação/elevação sideral, ou catasterismo, pertencente ao repertório dos mitos, foi usado como recurso poético para ilustrar a vinculação de César com o astro de 44 a.C. Buscamos demonstrar como este portento astral ganhou conotações variadas ao longo das três principais composições de Virgílio (Bucólicas, Geórgicas e Eneida) que se estendem por arco temporal de trinta anos. Através da análise hermenêutica abordaremos as representações da morte e da apoteose astral de César na poesia virgiliana tendo em vista as especificidades de gênero e a historicidade de cada poema.
Abstract: The topic of heroic divinization, of Hercules, Aeneas and Romulus, gained wide acceptance in Augustan literature, thanks in part to the memory of Caesar's consecration, associated with a celestial body and worshiped after death, as diuus in a temple of the Roman Forum. Not only the theme of heroic apotheosis, but also the topic of sidereal elevation, or catasterism, belonging to the repertoire of myths, was used as a poetic resource to illustrate Caesar's connection with the star of 44 BC. This paper intends to demonstrate how this astral portent gained varied connotations throughout Vergil's main poems (Bucolics, Georgics, and Aeneid) that span a period of more than thirty years. Through hermeneutic analysis we seek to approach the representations of Caesar's death and astral apotheosis in Virgilian poetry, in view of different genres and the historicity of each poem.